Estrangeirismo imobiliário

Estrangeirismo imobiliário

 

 

 Engº/Adv Francisco Maia Neto

 A procura por um imóvel passa por várias etapas, em que o potencial comprador se vê diante das mais diversas situações, sendo obrigado a avaliar pesquisas, indagações e a tomar seguidas decisões nesse caminho muitas vezes desconhecido, quando esbarra com questões técnicas e legais com as quais não está habituado.

Nesse caminho, também lida com um vocabulário que não faz parte de seu cotidiano, e que se expande para além do português básico, pois cada vez mais as construtoras e incorporadoras utilizam expressões estrangeiras nos lançamentos imobiliários, com significativo domínio da língua inglesa, mas que se expande para o italiano e o francês.

Embora não seja comum no mercado imobiliário, diferentemente de outros setores da economia, como o financeiro, turístico e automobilístico, com o fenômeno da globalização, aliado ao espetacular avanço da internet, que chega a todas as faixas etárias e a todas as camadas sociais, certamente essa será uma ocorrência cada vez mais frequente.

Segundo o especialista em comunicação, o emprego de expressões estrangeiras busca dar uma aura de sofisticação ao empreendimento imobiliário, com o surgimento de expressões de aplicação inadequadas ou de gosto duvidoso. Outras são empregadas porque simplesmente se torna difícil encontrar um similar português, especialmente pelo seu uso corrente e fácil assimilação, como é o caso do spa.

Como a escolha da denominação dos diversos ambientes de um edifício é tarefa que envolve um grupo multidisciplinar de profissionais, entre eles projetistas, arquitetos, empresários, a denominação dos espaços, especialmente aqueles batizados com nomes estrangeiros, não é padronizada, o que leva o comprador a encontrar as mais diversas características para locais com igual identificação.

Diante dessa inquestionável realidade, aliada ao apelo de marketing que vem embutido na escolha dos nomes, é fundamental que o adquirente do imóvel analise o memorial descritivo e compare com os folhetos publicitários, lembrando que todo material distribuído pelo vendedor é parte integrante da documentação de venda.

Dessa forma, embora a intenção seja a de trazer um ar de glamour ao empreendimento, o simples “batismo” não basta para seduzir o comprador, pois as instalações e os equipamentos devem ser compatíveis com a expectativa que o nome escolhido sugere.

Um desses locais de mais ocorrência é o fitness center, ou simplesmente fitness, que constitui o local destinado à prática de ginástica, que usualmente conta com espaço voltado à prática de diversos exercícios, acompanhado de equipamentos compatíveis com a prática esportiva.

Outro local que vem ganhando importância é o chamado espaço gourmet, também denominado varanda gourmet ou espaço grill, ou então combinações dessas nomenclaturas, que são espaços comuns ou áreas privativas destinados à prática da gastronomia, contando com comodidades para o preparo de refeições ou churrascos.

Além desses termos, também o business center (destinado ao trabalho de escritório), family space (antiga sala de TV, que pode também situar-se na área de lazer), garage band (serve para a utilização de instrumentos musicais), golf green (área pequena para golfe), pet garden (espaço gramado destinado aos animais) ou connect laundry (lavandeira com internet sem fio).

Como podemos ver, denominações não faltam, mas o importante é a pesquisa detalhada sobre a utilidade, porque todos sabemos que a criatividade não tem limites e a realidade pode não corresponder à imaginação.
 

 

 Engº/Adv Francisco Maia Neto

CREA-MG - 34.192/D

Visto CREA-SP - 5.060.990.705

Visto CREA-PR - 34.075/V

Visto CREA-ES - 060/99

OAB-MG - 71.923

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