Barreira contra a umidade

10-01-2011 13:50

 

Barreira contra a umidade

Impermeabilização em lajes de prédios evita desgastes como infiltração e mofo e protege o edifício de danos “escondidos”

Publicado em 09/01/2011 | Monica Cubis, especial para a Gazeta do Povo

A água que entra em contato com a estrutura de um prédio – vinda da chuva, lavagens ou outras fontes –, com o passar do tempo, pode causar infiltração, mofo, fungos ou manchas, e comprometer a durabilidade da edificação. A solução para esses casos é a impermeabilização, sistema que isola as paredes e protege a construção da passagem indesejada desse tipo de umidade.

O mais comum, explica o gestor executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), Wilson Neves, é que este tipo de problema aconteça em garagens ou outras áreas de subsolo. Mas ele também é frequente em imóveis de cobertura e em terraços. Suas causas estão associadas à degradação do sistema impermeabilizante, uso de produto de má qualidade ou mão-de-obra não qualificada. Falhas na fixação de brinquedos em parquinhos ou outros acessórios condominiais também podem prejudicar o sistema impermeabilizante.

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Divulgação / Técnicos aplicam sistema de impermeabilização em edifício: ideal é que o serviço seja feito ainda durante o período de construção do edifício

Técnicos aplicam sistema de impermeabilização em edifício: ideal é que o serviço seja feito ainda durante o período de construção do edifício

Tipos

Sistema varia conforme a estrutura

A escolha do sistema de impermeabilização mais adequado para cada construção deve ser feita com base em critérios técnicos, como o tipo de estrutura da obra e a existência ou não de elementos agressivos, como esgotos em estações de tratamento. “No Brasil, os sistemas mais utilizados são as mantas asfálticas simples, dupla ou sobre asfalto, e ainda, em menor proporção, sistemas com uso de resinas, argamassas e a base de borrachas”, explica a arquiteta Selma Roorda, sócia diretora da SJS Construções e Impermeabilizações.

O diretor técnico administrativo do escritório WAA Willer Arquitetos Associados, Boris Cunha, considera a manta como sendo a parte mais importante. “Ela funciona como uma barreira para deixar a umidade fora da obra. Muitos acreditam que o rejunte trincado pode resultar em infiltração, mas não, porque a função de impermeabilidade é da manta”, explica. “O problema não está na superfície, e sim, nas camadas internas.”

Para corrigir um problema, diz o diretor, é preciso identificar seu ponto de origem, que nem sempre é o mesmo no qual aparece a infiltração. “Muitas vezes ela só é descoberta quando desmanchada toda a estrutura construída acima da manta.” O projeto de impermeabilização, de acordo com o arquiteto, deve detalhar todas as informações e especificidades de como aplicar a melhor solução, se existem chaminés, tubulação, dutos de ventilação e outros pontos críticos que requerem tratamento minucioso.

Para orientar o trabalho dos profissionais, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece direcionamentos para a execução de projetos e aplicação de impermeabilização, como a NBR 9574/2008 e a 9575/2003 e a NBR 9952/2007, que especifica os requisitos mínimos necessários.

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Patologia

O engenheiro civil Jefferson Cesar Godoy, proprietário e diretor técnico da Fonte Segura Engenharia Civil, diz que os problemas relacionados à impermeabilização são um tipo de “patologia da construção”. As primeiras características de que algo está errado, explica, são goteiras e manchas de diferentes colorações. “A mancha esverdeada é sinal de que as ferragens da construção não foram afetadas. Mas se ela for marrom, provavelmente há oxidação e a construção foi atingida”, alerta. “O problema não está apenas na goteira ou presença de umidade na laje, mas em atingir e comprometer a estrutura do edifício.”

O aparecimento de uma mancha no teto da sala, há cerca de um ano, chamou a atenção da assessora jurídica Denise Wilke e trouxe à tona um problema que até então ela nem imaginava existir. “Foi verificado o encanamento, mas não conseguiram descobrir a origem do dano. Depois apareceram manchas nos quartos e na outra sala e então resolvemos procurar um engenheiro para fazer uma análise mais detalhada”, conta. O “diagnóstico” feito por Godoy, responsável pela avaliação, mostrou que só havia impermeabilização na laje de baixo do apartamento duplex, e que ela não foi suficiente para segurar a umidade. “Sei que o problema não vai ser resolvido de um dia para outro e que será preciso muita paciência com as obras. Será preciso mexer em toda a cobertura”, diz Denise. “Mas o mais importante é saber que o transtorno com as goteiras vai acabar.” A estimativa de Godoy é de que um processo completo de impermeabilização leve, em média, de oito a dez semanas para uma área de 100 metros quadrados, considerando boas condições climáticas.

Interdição

Para o síndico Ciro Moreira Iva­­noski e os demais moradores do condomínio que ele administra, os problemas começaram há cerca de quatro anos, quando apareceram as infiltrações em alguns apartamentos. O edifício, de 30 anos, não foi impermeabilizado na época da construção – o serviço precisou ser feito em dois dos quatro terraços. Há dois anos o mesmo problema atingiu a garagem, que fica no subsolo. “O térreo, área utilizada como parquinho, não foi impermeabilizado na construção e a umidade começou a atingir a garagem”, lembra o síndico. “Com a retirada do revestimento para a reforma da laje e aplicação do impermeabilizante, começou a cair o reboco do teto da garagem, que estava deteriorado. Agora, o espaço está interditado e o transtorno incomoda alguns moradores.”

Godoy compara o problema à uma doença: “Ela não se cura sozinha e, se ficar adiando a solução, ela só aumenta, ainda que de maneira lenta”, alerta. “Quanto antes for feita a reparação, melhor para acabar com o inconveniente e evitar danos na estrutura, o que dificulta a recuperação e encarece os custos”, esclarece o engenheiro. O síndico lembra que o condomínio não tinha fundo de reserva e por isso a preocupação com os gastos era grande, mas que os moradores se convenceram da importância da reforma.

O ideal, de acordo com Wilson Neves, do IBI, é que a impermeabilização seja feita sempre na fase construtiva, quando o custo representa de 2% a 3% do valor total da construção. Quando ela não é feita nesta fase, ou precisa ser reaplicada, o valor varia conforme o tipo de acabamento utilizado e a necessidade de recuperação de estruturas danificadas – pode chegar a 14% do valor do edifício. O tempo de vida útil, de acordo com os especialistas, depende de vários fatores, mas pode chegar a 30 anos. A garantia dos fabricantes e aplicadores costuma ser de cinco anos.

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