Faltam imóveis para alugar em São Paulo e demanda só aumenta

03-05-2011 15:17

03 de maio de 2011 • 11h00 Por: Camila F. de Mendonça

SÃO PAULO – Os preços dos aluguéis dos contratos novos na cidade de São Paulo estão em alta e a queda da oferta de imóveis para o mercado de locação e o aumento da demanda são os fatores que melhor explicam esses aumentos, afirma o consultor do Secovi-SP (Sindicato de Habitação de São Paulo), Cícero Yagi.

De acordo com dados do sindicato, o valor do aluguel dos contratos novos na capital paulista subiu 2,1% em março. Com isso, nos últimos 12 meses, a alta é de 15,25%. O percentual é maior que aquele medido pelo IGP-M, base de cálculo dos reajustes dos contratos em andamento, e que acumulou alta de 10,6% em 12 meses terminados em abril.

As altas seguem a boa onda da economia, que vem promovendo melhorias no orçamento dos brasileiros. Com o aumento da renda da população, a demanda por imóveis para alugar cresceu nos últimos anos. E, com a melhora da economia, essa demanda tende a aumentar ainda mais. “É a possibilidade de a pessoa morar sozinha. Agora ela tem renda para isso”, afirma Yagi.

Aliada às questões macroeconômicas, uma característica bem paulistana também incentiva o aumento da procura por imóveis para alugar: o trânsito cada vez mais caótico. “As pessoas buscam qualidade de vida e, agora que têm renda, elas preferem morar perto do trabalho ou da escola”, afirma o consultor.

Oferta em queda
Se por um lado, a possibilidade de se ter mais qualidade de vida aumentou junto com a renda, por outro, a oferta de imóveis para o mercado de locação vem caindo há 50 anos. “Em 1950, 60% de todos os imóveis da cidade eram para alugar. Em 2000, esse número caiu para 22%”, explica Yagi.

Esse desequilíbrio entre a oferta e a demanda tende a pressionar os preços dos contratos novos para cima. Mas esses aumentos, segundo o consultor do Secovi-SP, não são de hoje. “Desde 2005, os preços vêm subindo. Mas isso também é reflexo dos períodos em que eles não tiveram elevações acima da inflação”, comenta.

Yagi explica que, até 2005, os reajustes dos aluguéis não superavam a inflação. Depois desse período, com o crescimento cada vez mais acentuado da economia e, por consequência, com a elevação da demanda, os valores passaram a ser maiores que a taxa inflacionária. “Agora, está havendo uma recuperação dos preços daquele período em que não houve altas fortes”, afirma.

A nova classe média é uma das que mais impulsionam a demanda. Com renda suficiente para deixar de morar em casas cedidas, os emergentes buscam seu espaço, ainda que pagando aluguel, para depois começarem a planejar a compra da casa própria. “O mercado está acordando para a classe média”, considera Yagi.

Muito por conta dela, mas também devido ao novo perfil das famílias brasileiras, a grande carência está no mercado de um e dois dormitórios. “Esses são os mais procurados, porque as famílias estão ficando cada vez menores e porque existem apartamentos de dois dormitórios de vários tamanhos”, considera.

Como equilibrar o mercado
O equilíbrio entre a oferta e a demanda do mercado de locação na cidade de São Paulo é possível, na avaliação de Yagi. E as principais mudanças devem ocorrer com a oferta. Uma delas é fazer com que paulistanos que tenham um imóvel excedente vejam no aluguel uma boa possibilidade de investimento. “Com os valores dos aluguéis em alta, essa opção está atrativa e compatível com investimentos do mercado financeiro”, acredita o consultor.

Outra solução para sanar essa carência e equilibrar os preços é mais estrutural. Para Yagi, é preciso que o poder público invista na reformulação de áreas da cidade hoje degradadas para atrair novos moradores, além de investir em transporte – grande atrativo para os emergentes. “Com o metrô, por exemplo, aumenta a possibilidade de haver maior oferta de unidades para alugar”, afirma.

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