Krugman prevê que PIB do Brasil vai crescer mais

17-09-2010 11:55

 

Krugman prevê que PIB do Brasil vai crescer mais
Analista destaca aumento da classe C e controle da inflação
 

SÃO PAULO. O Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, afirmou ontem ser viável que o Brasil cresça na média de 5% nos próximos três ou quatro anos. "Esse é um país que tem 200 milhões de habitantes, um mercado interno grande e apresenta boas condições econômicas, com uma forte redução da desigualdade social nos últimos anos", apontou o norte-americano.

O economista fez referência aos 29 milhões de pessoas que saíram da classe E e ingressaram nas classes C e D de renda de 2003 a 2009, como apontou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Krugman classificou como "sensível" e "bem razoável" a condução na política econômica pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Os três demônios estão sob controle: a inflação, o câmbio e a questão fiscal", afirmou.

O acadêmico destacou que não vê o atual desempenho da economia como uma expansão muito alta, que justificaria toda a empolgação com o país, registrada no mercado financeiro internacional. O economista observou que esse sentimento positivo também foi registrado nos Estados Unidos em 1993 e 1994, no governo do ex-presidente Bill Clinton, o que foi muito importante para que aquele país ingressasse no maior período de prosperidade de sua história.

Krugman mostrou-se tranquilo em relação à transição política do Brasil, dado que ocorre neste ano a eleição presidencial. "Vejo as declarações dos candidatos, o que não interfere na economia", afirmou.

"Os números do Brasil ainda não mostram uma decolagem dramática em termos de crescimento. Mas o ‘zum-zum-zum’ sobre o Brasil é muito positivo. E eu levaria o ‘zum-zum-zum’' a sério", disse. Krugman demonstrou otimismo em relação ao Brasil e mencionou a redução da desigualdade de renda no país como sinal "muito promissor". Krugman afirmou que o Brasil tem chance de entrar em um período prolongado de alto crescimento se melhorar a qualidade de seu sistema educacional. O economista acredita que, por enquanto, a valorização do real não seja uma ameaça ao crescimento.

Questionado sobre declarações dele feitas em 2009 que refletiam preocupação com a trajetória cambial no Brasil, fez uma brincadeira. "No ano passado, eu estava insuficientemente pessimista sobre as perspectivas dos países da OCDE (organização que reúne em sua maioria países desenvolvidos)''.

Publicação diz que China é saqueadora
O jornal britânico "The Guardian" destaca em sua edição de ontem a construção de um enorme complexo portuário e industrial na costa do Rio de Janeiro, apelidado de "Estrada para a China", e questiona se o gigante asiático é um "parceiro" ou um "saqueador" do Brasil.
"Milhares de toneladas de minério de ferro, grãos, soja e milhões de barris de petróleo devem passar pela 'estrada' a cada ano em seu caminho para o Oriente, onde eles irão aliviar a aparentemente insaciável sede da China por recursos naturais", diz o Guardian.
 

Social
Renda melhor. Entre 2003 e 2009, 29 milhões de pessoas saíram da classe E e ingressaram nas classes C e D no Brasil, conforme apurou a FGV. Metade da população brasileira é da classe média.

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