Mercado imobiliário tira crise de letra e promete gol na Copa

17-09-2010 12:08

 

Mercado imobiliário tira crise de letra e promete gol na Copa

Segundo pesquisa realizada por fundação de apoio à Face/UFMG, tudo são flores para construtoras e locadoras de imóveis da Capital. Eventos como o mundial de seleções de futebol também servem de estímulo à valorização.

Mercado imobiliário tira crise de letra e promete gol na Copa

Área próxima ao Mineirão poderá sair ganhando com a Copa


Reportagem: Danilo Borges


De um lado do campo, o time dos corretores imobiliários, otimista com as excelentes campanhas que ostenta desde 2007, vem com tudo. Do outro, a equipe de inquilinos e aspirantes a proprietários, jogando fora de casa, na defensiva, procura anular o ataque do adversário. 

Se a partida acima descrita chegasse a ser disputada, os visitantes provavelmente amargariam uma derrota por goleada. Os preços dos aluguéis belo-horizontinos devem continuar aumentando. O alerta também vale para quem pretende adquirir residência própria. A taxa crescente tende a manter-se absoluta pelos próximos anos, e ganhará ainda mais fôlego com a especulação imobiliária, que deve chegar a Belo Horizonte por ocasião da Copa do Mundo de 2014. É o que apontam as pesquisas sobre o comportamento do setor na capital mineira, realizadas mensalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), que apóia a Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG. Desenvolvidos desde 1986, os estudos utilizam, atualmente, amostra composta por 141 construtoras e incorporadoras no mercado de construção e comercialização de imóveis novos e 56 imobiliárias no mercado de aluguéis.

De acordo com o professor Wanderley Ramalho, coordenador de pesquisas do Ipead, o mercado imobiliário tem sido aquecido desde meados de 2007, devido, principalmente, à demanda reprimida (isto é, quando a oferta não é capaz de cobrir a procura) por imóveis de todos os tipos, e em todas as regiões de Belo Horizonte. Corretor de uma das maiores construtoras em operação na Capital, Marlon Rocha afirma que, por falta de estoque, sua empresa está há quatro meses sem lançar novas unidades residenciais. “Tem muita gente querendo comprar e não há o que vender. O déficit imobiliário no país ainda é muito grande. Hoje, chega a cerca de oito milhões de moradias”, explica o corretor. Mesmo quando aumenta a oferta de imóveis, os índices de aluguel e de compra continuam crescendo significativamente acima da inflação. “Nos últimos dois anos, houve um boom nos preços. Apartamentos que custavam R$ 50 ou R$ 60 mil foram para R$ 120 mil. Hoje, em BH, não se encontra nada mais barato do que R$ 100 mil”, avalia Marlon.
 
Nem a crise financeira mundial, cujo epicentro fora justamente o mercado imobiliário norte-americano, comprometeu o avanço do setor em Belo Horizonte. Em setembro de 2008, enquanto o Banco Lehman Brothers, quarto maior dos Estados Unidos, decretava falência, o aluguel residencial na cidade apresentava elevação de 1,92%, apesar da inflação na capital ter sido de 0,13%. No mês seguinte – quando a bolsa de Nova York teve sua pior semana na história, registrando queda de 18% –, o índice subiu 1,24%, contra o aumento de 0,35% da inflação. Durante o mesmo período, os preços de compra de imóveis recém-lançados também apresentaram altas de 2% e 1,24%, respectivamente.

Goleada do mercado
Se nem uma crise de proporções mundiais é capaz de desacelerar o aumento dos preços de moradia, um evento esportivo de grande porte na capital, por outro lado, pode ser mais um motivo de festa para locadores e construtores de residências. Ao seguir o vácuo das promessas de melhorias infra-estruturais anunciadas para a Copa do Mundo de Futebol de 2014, da qual Belo Horizonte será uma das sedes, o mercado imobiliário poderá ser um dos artilheiros da empreitada futebolística: “O mercado certamente irá se beneficiar com a Copa. Não que ele dependa disso para manter sua dinâmica, que cresce desde 2007. Mas este é um fator que irá alimentar ainda mais o setor”, avalia o pesquisador Wanderley. Além de concordar com a análise, Marlon Rocha arrisca previsões: “acredito que a Copa vai influenciar, principalmente, nos lançamentos próximos à Pampulha (onde se encontra o Estádio do Mineirão), porque isso, com certeza, é uma coisa que valorizará a região”.
 
Alegria de uns, tristeza de outros. Se as previsões realizadas pelo Ipead desanimam os que pagam ou pretendem sair do aluguel, podem empolgar os investidores, especialmente os mais precavidos. “Principalmente para as pessoas que não gostam de se arriscar bolsas de valores, o mercado imobiliário é uma boa área de investimento, desde que se procurem instituições idôneas na hora de escolher o imóvel”, aconselha o pesquisador da Fundação. Ao leitor mais cético, que desconfia de especulações, aconselha-se conferir, no site da fundação, as variações mensais dos índices, registradas ao longo dos últimos dez anos.

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