O sonho que pode virar pesadelo

27-10-2010 09:53

 

A retomada do imóvel, por falta de pagamento, definitivamente, tornou-se um negócio mais lucrativo para os bancos do que o próprio financiamento. É cada vez maior o número de investidores, atraídos pelo baixo preço dos imóveis, que procuram uma grande oportunidade de negócios por meio de leilões.

E, na batida do martelo, arrematar o sonho da casa própria, que se transformou em tormento e não foi quitado, é um bom exemplo de como um investidor pode se beneficiar do jogo de "quem dá mais". Alguns imóveis chegam a ser ofertados por um preço até 50% mais baixo que seu valor de mercado.

O preço baixo, sem dúvida, é o grande atrativo para a aquisição de um imóvel em leilão, além, claro, de o arrematador não ter que cumprir as exigências burocráticas dos agentes financiadores. Comprando uma casa em um leilão, o financiamento é "automático" e, para o agente financiador, restam só "as vantagens dos altos lucros".

Hoje, centenas de imóveis são colocados em leilão todos os meses pela Caixa Econômica Federal (CEF) via web. Das casas colocadas à venda na internet, 99% delas estão ocupadas e a maioria de seus donos luta na Justiça para revisar seus contratos. Cabe à CEF dar entrada à ação de retomada de posse de um imóvel, via cartório, contra o mutuário ocupante inadimplente. Como o agente financeiro não realiza esse procedimento, a responsabilidade de desocupação ficará a cargo do novo proprietário da residência.

Para evitar que isso aconteça, é importante que o mutuário tenha cuidados no momento da aquisição da casa própria. Antes de fechar a compra de um imóvel, é necessário analisar se terá condições de pagar as prestações. O ideal é que o parcelamento não ultrapasse 30% da renda familiar. O cálculo deve constar desde a primeira parcela até o último pagamento.

Também é essencial averiguar se o valor da taxa de juros do contrato está dentro do limite permitido pelo mercado, que hoje é de 12% ao ano. É possível pedir uma planilha com a projeção de todas as parcelas até o final do financiamento. Deve pensar também na estabilidade do emprego e ter ciência de que, quanto maior o prazo de financiamento, mais irá pagar pelo imóvel.

Já para quem pretende adquirir um imóvel em leilão, é preciso ter cautela antes de fechar o contrato. A primeira providência é averiguar se há ações judiciais com relação à casa leiloada. Segundo, é importante saber se o imóvel ainda está ocupado. Mesmo com uma carta do arrematador, o novo dono pode enfrentar a demora na Justiça para despejar os antigos donos.

Além dessas precauções, é necessária uma visita ao imóvel pretendido, com antecedência, para apurar suas condições; o levantamento de dívidas deixadas pelo ocupante; avaliar as condições de venda; registrar a propriedade após o arremate; checar documentos, estudar as melhores formas de pagamento e ler com atenção todas as regras do edital. Um advogado pode sanar as dúvidas.

*Publicado em 25/10/2010 / O Tempo / Opinião

Bookmark and Share