Saiba como fugir de produtos piratas

03-03-2011 10:01

 


 

Júnia Leticia - Estado de Minas
 


 

Especialistas explicam os riscos de usar em casas e apartamentos material elétrico sem a origem comprovada e que não seguem as normas de segurança exigidas pela legislação

Fotos: Eduardo Almeida/RA Studio
Instalação de condutores e circuitos elétricos deve estar dentro do previsto em programas de qualidade nacionais e ser feita por profissionais experientes

Que mexer com instalação elétrica não é brincadeira, todo mundo já sabe. Além dos riscos à saúde e à propriedade, lidar com a energia sem estar preparado pode causar traumas que marcam a vida das pessoas. Mas para evitar isso não basta ter cuidado ao contratar o profissional para executar o trabalho. É imprescindível certificar-se de que os materiais adquiridos sejam fabricados segundo normas de segurança. O risco é que, assim como ocorre com artigos eletroeletrônicos, CDs e outros, todos os materiais elétricos também podem ser pirateados.

Para isso, é importante sempre escolher material em conformidade com as Normas Técnicas Brasileiras (NBR), certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), por meio de programas de qualidade reconhecidos e com garantia de assistência do fabricante. Diretor-geral da Loja Elétrica, João Flávio de Matos alerta que de fios a cabos elétricos, passando por ferramentas, adaptadores, cabos de cobre, entre outros, podem ser pirateados. Há, também, as lâmpadas a vapor: de mercúrio, de sódio e metálico. "São arrematadas em leilões efetuados pelas concessionárias de energia, que as substituem no fim da vida, porém, ainda funcionando por alguns dias. Depois são recondicionadas, colocadas em embalagens novas e vendidas como se fossem novas em folha."


Para assegurar que o produto é confiável, a engenheira eletricista da Deslandes Engenharia, Cláudia Deslandes diz que é obrigatória a indicação da NBR. "Cabo para uso interno residencial deve seguir a NBR NM 247-3, que deve ter impresso o número da Norma", exemplifica. Há casos de materiais elétricos que têm a certificação compulsória do Inmetro, como adaptadores de plugs e tomadas, cabos de energia 450/750V, disjuntores, interruptores, reatores de lâmpadas fluorescentes. "Esses materiais devem ter, obrigatoriamente, o selo do Inmetro", completa.

Ao adquirir o produto, a engenheira diz que se deve preferir materiais fabricados por indústrias com certificação de qualidade, como ABNT NBR e ISO 9000:2000. Outro indicativo de que o material é confiável é sua garantia. "Empresas idôneas estendem a garantia, ao contrário de piratas, que não garantem nada. Lembrando que essa garantia é prevista no Código do Consumidor, então é Lei."

O respeito às normas técnicas, imprescindível para evitar choques que podem provocar danos físicos permanentes e até a morte, também é ressaltado pelo presidente da Associação Brasileira pela Qualidade dos Fios e Cabos Elétricos (Qualifio), Luiz Fernando Rodrigues. "O uso de materiais defeituosos, junto com instalações deficientes, pode provocar situações de alto risco para as pessoas e seus bens."

 
A engenheira eletricista Cláudia Deslandes explica que disjuntores, interruptores e reatores de lâmpadas fluorescentes devem ter o selo do Inmetro nas embalagens

Uma dessas situações é o aquecimento dos condutores e circuitos elétricos, que geralmente resultam em incêndios. Além disso, podem ser produzidos gases tóxicos, componentes de produtos inadequados. "Eles geram mortes por asfixia nos casos de incêndios de grande porte. As estatísticas são claras e a mídia apresenta, de forma constante e dramática, esta matéria", alerta o presidente da Qualifio, parceira do Programa Casa Segura.

CERTIFICADOS

Para minimizar o índice de acidentes envolvendo a energia elétrica e conscientizar sobre o uso de materiais com procedência reconhecida, a Associação Brasileira de Certificação das Instalações Elétricas (Certiel) criou um projeto que busca incentivar a obtenção de certificações voluntárias de acordo com a Norma ABNT NBR 5410 e outras de áreas específicas.
Com o trabalho, a Associação inicia ações efetivas para incluir o Brasil na lista de mais de 20 países que usam as certificações como forma de regulamentar e garantir a segurança em edificações comerciais e residenciais, como conta o diretor de uma das instituições fundadoras da Certiel, o Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre). "A certificação pode representar um valor agregado para as empresas e gerar uma nova cultura de edifícios seguros", afirma Antonio Maschietto.

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