Universitários impulsionam mercado informal de aluguel de quartos em BH

12-11-2010 10:11

Zulmira Furbino -

Publicação: 08/11/2010 06:37 Atualização: 08/11/2010 07:11

O aluguel de quartos em Belo Horizonte movimenta um mercado informal de tamanho impossível de mensurar, mas que funciona com uma rapidez impressionante e demanda superaquecida. Impulsionada principalmente pelos estudantes de nível superior, a atividade envolve milhares de pessoas, que oferecem quartos para alugar ou que estão à procura de um local para morar. Para isso, elas anunciam suas necessidades e ofertas em sites especializados em locação de quartos. O alcance ultrapassa as barreiras da capital, do estado e do Brasil. Somente uma dessas redes alcança 29 países, que falam 12 línguas diferentes, e oferece 35 mil apartamentos para dividir e quartos para alugar em território brasileiro.

Os anúncios são variações de um mesmo tema: “Alugo quarto individual no Bairro Cidade Nova. Exige-se que seja do sexo feminino, que trabalhe e estude. Valor: R$ 270. Quarto, água e luz”. Ou “Aluga-se em minha casa uma vaga para estudante do interior com referência”. E ainda: “Quarto individual para homem que trabalhe e/ou estude. Mobiliado, mas permite a mobília do interessado e com banheiro exclusivo. Mensalidade fixa que inclui consumo de água, energia e utilização de área de serviços. Vaga de garagem (opcional) dentro do imóvel”. E os preços vão de R$ 200, em regiões menos nobres, a R$ 600, em bairros como Cruzeiro ou São Luiz, próximos, respectivamente, da Fumec ou da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais concorrida pelos universitários.

Flaviana Silva estuda direito e aluga um apartamento na Avenida Augusto de Lima, no Centro de BH, há sete meses. Ela veio de Itabirito, na Região Central do estado, com a amiga, Laís Marques Lima, e resolveu abrir espaço para outras estudantes. Hoje, o apartamento de quatro quartos e é dividido por seis pessoas. “A rotatividade tem sido pequena. Quando resolvemos alugar quartos, conseguimos rapidamente por causa da localização”, diz Flaviana. O pagamento é adiantado e inclui todas as despesas, inclusive a faxineira. Só a alimentação fica de fora. “Pago R$ 1,5 mil de aluguel e arrecado R$ 2,1 mil. Mas ainda tem condomínio, luz, faxineira, material de limpeza, inclusive papel higiênico, além de água mineral.”

A estudante de engenharia civil Emanuelle Iolanda Barroso Figueiredo, veio de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, para morar em Belo Horizonte depois que passou no vestibular. Hoje, ela divide um apartamento no Buritis, onde paga R$ 400 ao mês. Já morou em um pensionato, mas agora procura uma vaga em apartamento no Bairro Cruzeiro, próximo à Fumec. Vem tentando alugar esse quarto desde setembro, mas até agora não encontrou nada. “O Buritis fica muito longe. Coloquei o anúncio há dois meses e até agora nada. Estou disposta a pagar R$ 600. Acho que a demanda naquela região (bairros Cruzeiro e Anchieta) está muito alta. Todo estudante que vem de fora quer morar perto da faculdade.”

Renda extra

Na outra ponta do negócio, está a professora aposentada e cuidadora de idosos Vanilza Schueler, que vive sozinha e resolveu alugar quartos em sua residência há quatro anos. Ela explica que andava deprimida e que, seguindo conselho de amigos, optou pela locação de um cômodo em sua própria casa. “Pelo menos, tenho uma pessoa para conversar. Acaba sendo uma companhia, mesmo que o inquilino não fique direto em casa.” Além disso, o dinheiro do aluguel representa alívio no orçamento. “Ajuda a pagar condomínio, conta de luz e gás,” Há 15 dias, o quarto que ela aluga ficou vazio porque o inquilino comprou um apartamento para se casar e mudou-se com o objetivo de economizar. “Não levou nem três dias para alugar de novo”, comemora.

Graça Carvalho, também aposentada, aproveitou o fato de ser proprietária de um apartamento no Centro da cidade para transformá-lo em uma república para 10 moças. São quatro quartos e cada uma paga R$ 280. A renda no fim do mês é de R$ 2,8 mil. “Se fosse alugar normalmente, receberia pouco mais de R$ 1 mil”, acredita. Mas nem só de vantagens vivem esses locatários informais. A própria Graça lembra que é preciso estar ligada ao telefone 24 horas ao dia. “Não dá para avisar quando a gente viaja. Já houve casos de briga séria entre as meninas.” Além disso, segundo ela, como o tempo de permanência varia muito, sempre é preciso anunciar e preencher as vagas que sobram.

Veja os bairros da capital preferidos por universitários por causa da proximidade com a faculdade ou da boa oferta de linhas de ônibus:

Anchieta
Buritis
Caiçara
Centro
Coração
Eucarístico
Cruzeiro
Dom Cabral
Jaraguá
Liberdade
Ouro Preto
São Luiz
Savassi

Bookmark and Share