Venda de imóvel novo cai 24%

17-09-2010 11:20

 

Venda de imóvel novo cai 24%

 

Valor do terreno na capital inviabiliza investimentos de menor custo
Publicado no Jornal OTEMPO em 25/08/2010
ALINE LABBATE

Com o programa Minha Casa, Minha Vida, que oferece subsídios para a população de baixa renda comprar a casa própria, o estoque de apartamentos populares praticamente zerou em Belo Horizonte. Foi o que apontou um levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead). De acordo com os dados, no primeiro semestre, a venda de apartamentos novos em Belo Horizonte caiu 24,37% na comparação com o mesmo período de 2009. Há um ano, 3.717 unidades foram comercializadas na capital. No semestre passado, foram 2.811.

Segundo o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), José Francisco Cançado, a maior queda, de quase 100%, aconteceu na venda de imóveis de até R$ 100 mil. "No primeiro semestre de 2009, em função do incentivo do Programa Minha Casa, Minha Vida e do Feirão da Caixa, foram vendidos 1.468 apartamentos nesta faixa de valor, enquanto em 2010, neste mesmo período, foram vendidas apenas três unidades", esclarece.

Os números também demonstram que a explicação é mesmo a falta de oferta. Enquanto no primeiro semestre de 2009 foram lançadas 1.262 unidades nesta faixa de preço, em 2010 não houve lançamento. "Hoje, Belo Horizonte não tem mais terrenos com valores que viabilizem construções mais baratas. Além da valorização dos lotes, com a nova lei de solo, os coeficientes de aproveitamento ficaram menores", analisa Cançado. A consequência é a migração dos empreendedores para as cidades da região metropolitana, principalmente Contagem e Betim.

Outro lado. Enquanto falta oferta para os mais pobres, sobram opções para as classes B e C. De acordo com o levantamento, as vendas de imóveis novos com valor entre R$100 mil e R$250 mil aumentaram 2,55% no período analisado, ao passar de 1.371 para 1.406 unidades vendidas. Mas a maior arrancada foi na comercialização de apartamentos entre R$ 250 mil e R$ 500 mil, com crescimento de 105,19% no mesmo período, passando de 520 unidades vendidas no primeiro semestre de 2009 para 1.067 até junho de 2010.

Em relação aos lançamentos, a pesquisa mostrou que houve um incremento de 9,37% em relação ao mesmo período do ano passado, de 2.947 para 3.223 unidades, o maior número para o período na série histórica, iniciada em 1995. "Após a crise do final de 2008 e início de 2009, tivemos uma retomada da economia em 2010. Os investidores voltaram ao mercado. E população com renda, disponibilidade de crédito e oferta de produtos é uma receita perfeita para o aquecimento do mercado", conclui Cançado.

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