Mulheres mudam realidade dos canteiros

Mulheres mudam realidade dos canteiros

 


 

Jorge Luiz Oliveira de Almeida - Especial para o Estado de Minas
 


 

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, no intervalo entre 2007 e 2009, o número de mulheres contratadas nas empresas da construção no Brasil cresceu 44,5%%

Euler Junior/EM/D.A Press

A demanda crescente por mão de obra na construção civil se tornou um bom cenário para o ingresso de mulheres no mercado de trabalho. Maioria entre os desempregados - elas representam 57,4% do contingente de 1,423 milhão de desempregados, no agregado das seis regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre) pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, e, até então excluídas do setor, elas começam a se qualificar para serem absorvidas. E a participação delas é crescente. É cada vez mais comum encontrar trabalhadoras nos canteiros de obras.

Para se ter ideia desse crescimento, dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, no intervalo entre 2007 e 2009, o número de mulheres contratadas nas empresas da construção no Brasil cresceu 44,5%. Em 2007, o número de pessoas empregadas nas organizações do setor era de 1.674.483 profissionais. Desse universo, 119.538 mil eram mulheres, o equivalente a 7,14% do total. Em 2009, a construção experimentou um incremento de contratações de 32,65%, saltando para 2.221.254 trabalhadores, em que 172.734 eram do sexo feminino, o que corresponde a 7,78% desse total.

Outro indicador que aponta para o significativo aumento da participação feminina nas empresas do setor no país é o número de integrantes do Programa Próximo Passo, do governo federal, que capacita beneficiários do Programa Bolsa-Família para o mercado de trabalho. Desde 2009, quando o programa foi criado, 33.200 pessoas passaram por cursos de formação para atuar em empresas da construção. Desse universo, 78,7% são mulheres.

O nosso estado acompanha essa tendência. Em 2007, havia em Minas Gerais 232.418 pessoas empregadas no setor. Desse número, 14.290 eram do sexo feminino. No ano seguinte, a contratação total passou para 264.113, sendo que as mulheres ocupavam 17.536 das vagas. Em 2009, 283.216 pessoas trabalhavam formalmente na construção civil. Desse total, 19.068 eram mulheres.

E, ainda, dos quase 3 mil trabalhadores qualificados no Plano Setorial de Qualificação (Planseq) da construção civil em curso no estado, ministrado nas escolas do Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional (SENAI-MG), mais de 70% são do sexo feminino.

Esse novo perfil de contratação não se justifica apenas pela pouca oferta de mão de obra, em função da recente expansão da construção civil. É retrato principalmente dos avanços da sociedade, que vem permitindo a entrada de mulheres em setores até então tradicionalmente masculinos. Não se pode deixar de lado também a percepção da valorização dos salários pagos no setor. Sem dúvida, isso atrai trabalhadoras com poucas oportunidades de remuneração além do salário mínimo, hoje estabelecido em R$ 545,00, já que o menor piso da categoria em Belo Horizonte é de R$ 605,00.

A inserção das mulheres na construção civil revela que elas estão rompendo o paradigma da força e mostrando, principalmente em funções que exigem maior concentração, detalhes e capricho, que podem ser muito mais eficientes que os homens. Sem dúvida, essas profissionais agregam novas qualidades ao trabalho e tornam os canteiros ambientes mais humanizados. Não só o setor, mas a sociedade só têm a ganhar com essa nova realidade nas obras

Fonte : Lugar certo

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